As vezes o silencio não diz tudo aquilo que a gente imagina dizer. É, porque a gente tem essa mania de achar que o silencio diz tudo, né? E não, muitas vezes ele realmente não diz nada. Sentimentos, sensações, medos, angustias e arrependimentos que sentimos são privilégios nossos, ninguém consegue saber disso se não possibilitarmos que saibam. Você pode achar que seu silencio grita, pelo fato que dentro de você não há silencioso, porém só enxerga lá no fundo quem você deixa ver, você escuta os outros não. Essa é a forma mais fácil de iludir-se.
É incrível a mania de escrever quando algo não vai bem, quando se esta chateada com alguém, ou então quando se precisa fazer algo que não se tenha coragem, como por exemplo desculpar-se. Orgulho, medo, falta de coragem, a mistura de tudo. Dificilmente é falado e raras são as vezes que isso não se transforma em textos, também. Com palavras tão pequena, e com letras tão forte, parece tão mais fácil escrever que falar, deve ser porque também é sempre mais fácil ler do que ouvir. Comunicação direta, olho no olho, seduz mais, fascina mais, é muito melhor, mas também machuca mais, amedronta mais, entristece mais.
Sabe todas essas coisas que se escreve desabafando? Que a gente guarda a sete chaves e reza para que ninguém ache? Na realidade, tudo que a gente quer é que a pessoa encontre "sem querer" tudo que a gente não teve coragem de dizer a ela . Sabe por que? Porque se entregarmos a ela, a reação causada é culpa nossa, nós que tomamos a iniciativa da entrega. Mas caso o acaso se responsabilize por isso, e as coisas não saiam como o esperado, podemos jogar toda a culpa nele. "Não era para ler, não queria que soubesse" Por que escrevemos então?
Certa vez vi uma frase que dizia mais ou menos assim, que quando dizemos que não aguentamos mais e queremos entregar os pontos, estamos gritando desesperadamente que queremos ser salvos, de toda e qualquer maneira que for. Sinto o mesmo. Mas não é errado isso? Não estamos da mesma forma colocando nossas resposabilidades em mãos erradas? Esperar que o destino ajude sem fazer nada, é mesma coisa que esperar ganhar dinheiro, dormindo. É algo que todos querem mas que no fundo, todos sabem que não há possibilidade.
E ai, mesmo sabendo de tudo isso, olha-se para todas as cartas já escritas e que não foram entregues, todos os emails salvos e não enviados, todas as mensagens que escrevi e não enviei e penso: O que irei fazer? E sabe o que eu faço? Devolvo-os ao lugar de sempre, ao fundo da caixa, ao rascunho do e-mail e a lembrança da mensagem não enviada. E as coisas? Continuam iguais. E eu? Fingindo não me importar, mas não conseguindo pensar em outra coisa, como sempre.
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