Acho justo estabelecermos um paralelo entre nossas roupas e nossos relacionamentos. Aqui me refiro a relacionamentos, no geral. Ora, por que o espanto? Tenho a absoluta certeza que você, pelo menos por uma vez, já tratou de relacionamentos da mesma forma com que trata suas roupas.
Não, eu não estou me referindo a aquela expressão “troca de namorado/a como trocaria de roupa” embora aí já estivesse havendo uma comparação entre ambas as coisas. Mas não, não é exatamente sobre isso que me refiro.
O tempo passa e algumas roupas não nos servem mais, não nos agradam mais, não combinam mais conosco. Mas experimente pensar em doá-las. Elas simplesmente se tornaram suas peças favoritas do dia para a noite.
Isso porque, nós seres humanos, possuímos a mania de nos apegarmos a lembranças. Aquela roupa já não lhe é útil, mas você não conseguiria doá-la pelo que “viveu” com ela, pelas lembranças que a mesma lhe trás, ou pelo simples fato de ela ser sua e de mais ninguém.
Aí você tenta de todas as maneiras encaixá-la a seu guarda–roupa atual. Experimenta-a de mil formas, com outras roupas, na tentativa de auto convencer-se de que ainda é útil e bonita. Mas aí você percebe que ela realmente não é mais bonita (para o seu gosto, é claro), não se adapta mais ao seu corpo e já não combina mais com sua personalidade.
As pessoas crescem e precisam de “peças” que acompanhem o seu crescimento, as estações mudam e novas “peças” precisam surgir para acompanhar a necessidade das mesmas, e algumas simplesmente, não são mais suficientes para isso. Uma regata, no inverno, por exemplo, não será mais suficiente.
Somente aí você irá perceber que, por mais que você queira, essa roupa já deixou de ser sua há algum tempo. Por mais que doa perceber isso, você precisa passa - lá adiante, já que não há mais espaço para que as novas peças, de acordo com seus gostos e seus tamanhos, possam entrar e terem seus devidos espaços em seu guarda-roupa.
Quando realiza esse ato, você fica triste, sente que está doando uma parte de você, muitas vezes o apego a uma peça é tão forte que você pensa que jamais uma peça vai poder ter tamanho significado, como tinha a doada. Mas o tempo passa e você percebe que já nem sente mais falta das peças, afinal elas realmente não tinham mais utilidade. E que já passou a possuir novas “preferidas”.
O mesmo acontece com relacionamentos... Quantos relacionamentos insistimos em manter conosco sabendo que já não nos ‘servem’ mais? Mantemo-los pelo que significaram, pelas lembranças que possuímos deles, ou até mesmo, porque são nossos e não queremos que sejam de mais ninguém.
Mas assim como nosso guarda– roupa precisa ser renovado e esvaziado do que já não usa-se mais, para dar espaço ao que será usado, nosso coração também precisa de espaço para o novo. É preciso aceitar o fim do que foi acabado para que o novo possa ser iniciado. Não há espaço para o novo, num lugar onde só existe coisa inútil ocupando espaço.
Por isso eu concluo dizendo que o ser humano precisa aprender a rever e a conhecer seus próprios sentimentos. Gastar mais do seu tempo organizando seu coração. Pode haver muitas peças antigas esperando para serem doadas e você nem percebeu. O que é pior de tudo nessa história? Você está deixando de ganhar peças que realmente podem lhe ser muito uteis, muito lindas e o melhor de tudo, que combine exatamente com o seu jeito.
Lembrar-se de algo de forma bonita e com saudades não quer dizer que é preciso possuir. Assim como sempre vamos lembrar-nos de roupas que gostávamos, eu pelo menos, me lembro muito de peças que amava durante a infância, mas que não há cabimento algum guardá-las comigo e tentar usá-las atualmente. Lembraremos, também, dos relacionamentos antigos, que já não nos cabem mais.
Isso não quer dizer que deixaram de ser importantes, apenas que não nos servem mais no momento em que vivemos.
P.S: Esse texto eu já havia feito há algum tempinho, caso você já tenha lido ele, leu no meu antigo blog, não copiei de ninguém não viu gente? haha
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